"A maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que os simples fatos do voo — como ir da costa à comida e voltar. Para a maioria, o importante não é voar, mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar. Antes de tudo o mais,Fernão Capelo Gaivota adorava voar." Richard Bach
http://www.consciesp.com.br/pla_2arquivos/capelogaivota.pdf

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Síndrome de Down - Que tipo de escola é melhor?

Os pais, com justa razão, muitas vezes, não sabem se o melhor    
é matriculá-los numa escola regular ou especial

       Os pais de crianças com síndrome de Down se defrontam com alguns dilemas quando seus filhos atingem a idade de freqüentar a escola. Se questionam se devem ou não colocá-los numa escola e se essa escola deve ser regular ou especial. "A entrada dos filhos na escola, tanto na educação infantil quanto no ensino fundamental, representam momentos marcantes para seus pais", explica Fernanda Travassos Rodriguez, psicóloga, terapeuta de família e doutoranda em psicologia clínica na PUC do Rio de Janeiro. "Suscita temores ligados a adaptação e proteção", acrescenta.
       Entretanto, é importante lembrar, esses dois momentos são distintos e geram ansiedades especificas. "Porém, sabe-se que quando a inclusão é bem feita, a socialização começa a se dar de maneira muito fluida", conta. Fernanda Travassos lembra que o nosso modelo de educação tem um padrão que não contribui muito para a inclusão. "Mas com freqüência percebemos boas experiências de inclusão em escolas consideradas ‘alternativas’, são as escolas construtivistas, a montessorianas, e outras", explica.
       De acordo com a psicóloga, as duas opções apresentam lados positivos e negativos. Ela explica: "Se de um lado a criança portadora da síndrome de Down tem muito a ganhar em termos sócios afetivos permanecendo no ensino regular, na maioria das vezes, estas escolas têm poucas alternativas para oferecer a estes alunos na apreensão dos conteúdos em sala de aula. Em contraste, as escolas especiais que, cada vez mais são escassas, no entanto, foca-se mais no seu aprendizado formal, usando ferramentas adequadas para a sua aprendizagem".
       Fernanda Travassos enfatiza que é no ensino fundamental, quando este é desenvolvido numa escola regular, que os problemas se tornam mais evidentes. "É que a partir do ensino fundamental, quando a criança deve apreender muitos novos conteúdos escolares e, na maioria das vezes, as turmas das escolas regulares são grandes, não permitindo que o professor de uma atenção especializada ao aluno".
       Diante do exposto, a pergunta que se coloca é: por qual escola então optar?. Fernanda Travessos alerta que não existe uma "receita de bolo" para estes casos. Ela tem razão pois as crianças com síndrome de Down, assim como outra criança qualquer, são muito diferentes entre si, tanto acerca de sua personalidade quanto em relação aos diversos e variados interesses e habilidades. Esses aspectos devem ser considerados pelos pais na hora da fecharem sua decisão.
       "Algumas vezes aconselhamos uma mescla destes modelos", diz a psicóloga. Porém, quando os pais não conseguem escolher e sentem um peso muito grande sobre a sua responsabilidade, argumentando de forma legítima que não são especialistas em educação, eles devem buscar um profissional qualificado da área de psicologia ou pedagogia para que os ajude a fazer essa opção de forma coerente com o seu modelo de família e levando em conta a singularidade de seu próprio filho. "Uma experiência exitosa para um amiguinho pode ser desastrosa para o seu próprio filho, visto que cada indivíduo portador ou não de síndrome de Down é única", ressalta Fernanda Travassos.

3 comentários:

  1. O questionamento "que tipo de escola é a melhor?" é interessante à medida que percebemos que não é a pessoa com necessidades especiais que deve se adequar para se "incorporar" na estrutura e currículo escolares; ao invés disso, as políticas atuais colocam que a questão está na escola (re) pensar seus métodos, currículos e estrutura, de maneira que não seja o indivíduo que tenha que se adequar, mas a escola criar estratégias que garantam a efetividade do processo ensino-aprendizagem. O grande desafio agora é a escola mudar o foco "do aluno ideal", a que tantos anos se propôs a procurar e transpor para a ideia de "sujeitos de direitos" a uma educação de qualidade, levando em consideração as especificidades e peculiaridades. Claro que quando se fala na "escola, isso não quer dizer que seja responsabilidade única da escola, mas é preciso ter em mente e, principalmente, em ações a necessidade e importância de políticas públicas eficazes, que estejam além dos muros escolares e, mais que isso, que partam realmente da percepção de que educação inclusiva não se faz "misturando alunos numa mesma sala de aula", incluir é muito mais do que oferecer um espaço e um banco escolares... Fique aí uma breve reflexão!!!

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  2. Excelente colocação, Hélio. Perceber suas particularidade e necessidades é o grande desafio no processo de inclusão e nada, ou quase nada, é feito para a "preparação" de professores e escola.

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